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09 setembro, 2011

NESTA na abertura especial para professores da 8ª Bienal do Mercosul

A abertura especial para os profissionais de ensino da 8ª  Bienal do mercosul afirma a ênfase do evento nos processos pedagógicos, que trouxe como novidade a participação efetiva da curadoria pedagógica em todas as fases do projeto do evento. Assim aliada com a coleção de cadernos para professores, disponibilizado a todos pelo site da bienal, e aberturas especiais para professores, onde os professores se tornam monitores, através de uma visita assistida, para seus alunos, criando ele. O professor, o roteiro para melhor aproveitamento pedagógico do evento. Nós do NESTA tivemos a oportunidade de participar de duas dessas aberturas: Caderno de Viagens e Geopoética no pavilhão A6.
As obras escolhidas para integrar a mostra “Caderno de Viagens” tiveram três etapas em sua composição geral. Primeiramente seria o projeto de cada obra, seguido da escolha de cidades onde os artistas exporiam suas obras e interagiram com a comunidade, assim dentro dessa integração, recriariam suas obras dentro da bienal após terem passado por essas comunidades previamente escolhidas pela curadoria. De início conhecemos o Trabalho do artista Bernardo Diarzém, que tem origem Mapulia por parte de mãe, com sua obra retrato falado, uma composição de registro em vídeo de um dialogo Guarani apresentado em uma moldura dourada. Bernardo foi o único artista que teve autonomia na escolha da comunidade que faria sua intervenção. Os Guaranis são uma comunidade que ainda mantém uma distancia da sociedade hegemônica das Américas, sua cultura é passada verbalmente de geração á geração em meio a contos e conversas. Bernardo aproveitou sua semelhança física indígena para se aproximar dessa comunidade e registrar assim os componentes para a obra, que também conta com uma representação escrita da fonética da língua guarani (que não tem uma forma escrita oficial) em argila em grande escala. Caminhando pelo pavilhão encontramos o trabalho da artista Maria Elvira Escallón com sua forma de Land Art que trabalha com a intervenção com esculturas em troncos e arvores meio a lugares isolados trazendo apenas consigo o registro fotográfico. Escallón foi designada à trabalhar com o cenário das missões criando esculturas meio as arvores em torno das ruínas da igreja jesuíta. Em meio a esse trabalho ela encontrou com um escultor de imagens religiosas da regiam, sendo assim, para ela um momento mágico, que quantificou na troca de experiências meio a composição da obra. Na mostra estão expostas as fotos tiradas na época da composição das esculturas em um grande painel, tendo o dialogo como visitante do momento impresso nas fotos e o momento que estariam essas obras no tempo presente. As obras dessa mostra transem um momento da transitoriedade desses artistas em suas viagens e nas suas integrações nas comunidades escolhidas, por vezes nos convidando a visitar, mesmo que imaginariamente, aquela cultura e suas similaridades com a vivencia do espectador.
No pavilhão A6 encontram-se obras que trazem o pensar do simbolismo que carrega a identidade de um povo e as muitas possibilidades que gera o encontro desses símbolos na troca que muito se dá em momento como na imigração e colonização. Luis Gárciga, em sua sensibilidade artística nos trás um sentido de trafego de informações em sua obra colaborativa “Fibra Óptica”. O mesmo nos explicou que em sua obra trabalhou com a idéia da informação que em seu País, cuba, o acesso à informação é muito restrito, porém não se é especulado o conteúdo de memórias digitais (como Pendrives, HD, IPods), assim possibilitando uma troca de informações entres cubanos com outras regiões. Essa idéia é fortemente enfatizada em suas esculturas, feitas a partir desses aparelhos de armazenamento de dados, que tomam forma de estranhos animais que podem representar mulas de cargas ou ate mesmo o sentido que todo animal, incluindo nós seres humanos, tem da imigração. Abordando o sentido da nacionalidade, da identidade de uma cultura, da existência da cidadania, o coletivo artístico esloveno Irwin trás a micronação fictícia NSK State criado em 1991 com a idéia de um estado em tempo, onde esse estado é representado em bienais com embaixadas que trazem relatos do projeto, assim como toda uma encenação por vídeos e fotos da existência desse estado e suas atuações pelo mundo. Essa embaixada emite passaportes para os visitantes das bienais questionando o sentido de cidadania. Já o brasileiro Emmanuel Nassar trabalha a figura da bandeira pintando-a sobre placas metálicas reutilizadas, que sofrem ações até mesmo do transporte como parte de uma temporariedade. À primeira vista temos a noção de nos depararmos coma bandeira do Brasil, por suas representações gráficas, porém ao nos aproximamos da obra de brande dimensões percebemos que existem peculiaridades que desconfiguram-na dessa idéia, assim como coloca em prova nosso sentimentalismo a esse objeto. De outra forma, Marcelo Trindade em sua obra “Luto Luta” trabalha de uma forma agressiva o simbolismo da bandeira brasileira a sepultando em grande bloco de tijolos de concreto.
Por fim, dada a maior importância dessa bienal ao processo pedagógico trazendo ao educador a possibilidade material para uma nova forma de ver a arte não só pela arte, mas sim com parte integrante da construção do individuo dentro da sociedade, sensibilizando-o e o tornando-o critico de seu meio. Com esse intuito a arte se desmistifica do pensar do dom, da divindade e tornasse parte do processo cientifico humano.

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